sexta-feira, 17 de abril de 2015

O PAVÃO MISTERIOSO


O PAVÃO MISTERIOSO
Roniwalter Jatobá
Geração Editorial




















Quando o operário Roniwalter imprimiu suas primeiras tintas naqueles tabloides dos anos 70, (Crônicas da vida operária), pouco ou nada se via na vida operária.
Roniwalter fazia fácil seu ofício.
A vida operária de hoje em nada difere daqueles idos dos anos 70: somos e somos, ainda, muitos.
Certo dia, ao voltar da minha labuta ou trampo, na sala de casa, todos os meus tabloides desfeitos, postos simetricamente no chão, protegiam o piso, minha mãe havia encerado a sala, era  costume distribuir jornais pelo piso recém encerado.
Me senti a própria crônica. Recolhi um a um, caderno a caderno, salvando as tintas do Ronivalter da inquisição involuntária de minha mãe. Eram muitas, muitas crônicas que foram assim salvas do pisoteio e brilho do piso.
Ao revisitar, hoje, Ronivalter, longe dos olhos de minha mãe e do piso, tem lugar cativo na estante, a lombada rija sustenta a si e outros.
Aberto, o livro, sobre a mesa, percorro seu itinerário: escrita ágil, seca telegráfica, contundente, põe à mostra a grandiosidade de suas personagens e a solidão dos meus quintais cimentados assimetricamente.
As mesas tímidas em fórmica azul, com ranhuras de uma faca apressada, sem destino algum, nos empurravam porta a fora.
Um café e o naco de pão.
Rangíamos as cadeiras sem proteção nos pés e rangia o silêncio das almas operárias, de pé ao pé da porta.  
Ronivalter deu vida e alma aos operários dos anos setenta, oitenta, noventa, dois mil, dez e vinte deste século.



Vale a leitura.








sábado, 3 de janeiro de 2015

PEDRO PÁRAMO




PEDRO PÁRAMO
Juan Rulfo
Círculo do Livro


Todos os caminhos levam a Comala, é inevitável.

Traça assim, Juan Rulfo, um caminho sem volta, onde os vivos permanecem onde estão, visto que, os mortos não podem ficar sozinhos. 
Rulfo, em sua narrativa, priva-nos até da aparência de suas personagens. Não há mananciais, a terra seca devora-lhes até o suor. 

Ausência de si mesmos, ausência da face dos vivos e dos mortos.

Em Comala, não há passagem para Pasárgada.

Bem-vindos a Comala!

Vale a leitura.