quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

TRABALHOS E PAIXÕES DE BENITO PRADA - Galego da província de Ourense, que veio a Portugal ganhar a vida.











TRABALHOS E PAIXÕES DE BENITO PRADA
Fernando Assis Pacheco
Edições Asa,  5ª Edição, 1996


Ler para entender. O que se sabe dos galegos a não ser as frases de lugar comum;  <pariu a galega> ,< galegada>,< à galega>,< anda, galego>,etc. 
A saga do nosso personagem Benito Prada é o peso de toda uma nação que, ao longo de mais de 900 anos, não tinha uma geografia definida, uma nacionalidade. As fronteiras do país vizinho, Portugal, eram a continuidade de seu próprio território, já que a Espanha lhes havia virado as costas, impondo-lhes a língua espanhola. Porém, antes da Espanha a língua Galizia/Galícia.  

Pacheco, descendente de sangue da Galiza/Galícia, resgata os seres humanos por trás de seu percurso migratório desde a Galiza até Portugal. Essas migrações e seus trajetos estendiam-se por anos e anos até o retorno. 
Por vezes se depara com situações e fatos corriqueiros a todos que emigram, não se sabe ao certo se estamos falando de nós mesmos ou dos galegos, do ponto de vista territorial de Portugal; fala-se dos galegos, mas do ponto de vista territorial do Brasil e da América, fala-se de ambos, são, assim, vinha da mesma cepa. O cenário que encontram além-mar é igualmente cruel à Península Ibérica, marcada pela opressão, a miséria e as ditaduras de Franco e Salazar.

Nesse cenário
, o protagonista vive os dilemas de ganhar a vida, tentar viver a vida e a luta constante e seguir adiante, nos conturbados anos na primeira metade do século XX.  A obviedade tem nome e lugar, a Península Ibérica, inferno para uns e o céu para outros, cujo céu tem dono, já o inferno este pertence a todos. Benito tem sempre uma defesa a palavra: seja numa frase curta e direta, ou longa e reflexiva. Tem caráter e é feito de ossos, carne e sangue. 

Dois regimes: Portugal e Espanha, assinaram o Pacto Ibérico, não rivalizaram, toleraram, cooperaram sem que um
e o outro o saiba, são alunos da mesma cartilha, regimes de exceção, mão de ferro e freio. Resultado: o fascismo que perdurou até meados dos anos setenta.

Portugal outorgou o título de Doutor honoris causa, da Universidade de Coimbra, em Direito, a Franco, no ano de 1949, única vez que Franco saiu de território espanhol após a Guerra civil espanhola. 
Benito inquirido, pela PIDE, sobre um suposto atentado a Franco, o secreta relata-lhe a tentativa frustrada de outro galego.
Perguntado: - "O que me diz deste atentado ignóbil?"  Benito foi direto: -"Que falhou, caralho!" 

"Que o doutorassem em metralha.." - em metralha-, sugere Antonio Prada, filho de Benito Prada.

Vale o percurso do livro. 

Bem haja!   





Um fato histórico em 1961, talvez o mais emblemático de todos: "Operação Dulcineia" - o assalto ao paquete Santa Maria (de bandeira portuguesa) – rebatizado, durante a ocupação, de Santa Liberdade,  foi tomado por portugueses e galegos no Caribe, tendo como protagonistas o português Henrique Galvão - (ligado a Humberto Delgado) - e o galego Pepe Velo, vindo aportar no  Recife, onde receberam asilo político.   
                       











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