quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

SEARA VERMELHA




Seara vermelha
Jorge Amado
Livraria Martins Editora, 1946.






Na encruzilhada e nos itinerários “das searas” de Jorge Amado, no caminho o Velho Graça, de “Vidas secas”, cruzam-se as histórias, sem prejuízo para nenhuma das duas. 
As personagens do Velho Graça desaparecem nos caminhos da fome da caatinga, as personagens do Velho Jorge seguem outro caminho, igualmente da fome, ficam também pelo caminho. Ainda que tudo conspire segue-se em frente, antes, enterrando seus mortos. O caminho é seguir e levam consigo uma companheira inseparável: a fome.

O enredo nos indica os caminhos: a família seguindo e morrendo pelo caminho da fome; José e os espinhos do cangaço; Jão e os espinhos da polícia e Juvêncio entre espinhos e soluções. Todos têm igualmente a mesma companhia: a fome. O pano de fundo é ela: a fome, a consequência de outras companheiras igualmente vis.

Saem da aridez da caatinga para a aridez do Rio São Francisco, apesar do rio, e tudo o que representa, é somente o caminho seguinte da fome. 
Sustenta navios, barcos e os mitos barranqueiros. Emblemático rio, sua fama e pujança, cenário de grandes histórias e da mística popular. Culpa a ele não se imputa, quis assim a natureza fazê-lo o elo e meio, o descer e subir, a desolação da fome que transportava.  

O jogo de forças dos detentores da terra, fomentadores da fome, contra a fragilidade de olhos e bocas esfomeadas com suas incertezas da beatitude ou do cangaço. As personagens plantadas cada qual num terreno, cada qual com uma causa e ao final, a semelhante causa de todos  - sobrepujando a fome - a esperança e a luta. 
Vida longa à esperança, com a devida luta. 

Bem-vindos as Searas!
Vale a leitura.   

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