TRABALHOS E PAIXÕES DE BENITO PRADA
Fernando Assis Pacheco
Edições Asa, 5ª Edição, 1996
Ler para entender. O que se sabe dos
galegos a não ser as frases de lugar comum; <pariu a galega>
,< galegada>,< à galega>,< anda, galego>,etc.
A saga do nosso personagem Benito
Prada é o peso de toda
uma nação que,
ao longo de mais de 900 anos, não tinha uma geografia definida, uma
nacionalidade. As fronteiras do país vizinho, Portugal, eram a continuidade de
seu próprio território, já
que a Espanha lhes havia virado as costas,
impondo-lhes a língua espanhola. Porém, antes da Espanha a língua
Galizia/Galícia.
Pacheco, descendente de sangue da
Galiza/Galícia, resgata os seres humanos por trás de seu percurso migratório
desde a Galiza até Portugal. Essas migrações e seus trajetos estendiam-se por
anos e anos até o retorno.
Por vezes se depara com situações e
fatos corriqueiros a todos
que emigram, não se sabe ao
certo se estamos falando de nós mesmos ou dos galegos, do ponto de vista
territorial de Portugal; fala-se dos galegos, mas do ponto de vista territorial
do Brasil e da América, fala-se de ambos, são, assim, vinha da mesma cepa. O
cenário que encontram além-mar é igualmente cruel à Península Ibérica, marcada
pela opressão, a miséria e as ditaduras de Franco e Salazar.
Nesse cenário, o protagonista vive os dilemas de ganhar a vida, tentar viver a vida e a luta constante e seguir adiante, nos conturbados anos na primeira metade do século XX. A obviedade tem nome e lugar, a Península Ibérica, inferno para uns e o céu para outros, cujo céu tem dono, já o inferno este pertence a todos. Benito tem sempre uma defesa– a palavra: seja numa frase curta e direta, ou longa e reflexiva. Tem caráter e é feito de ossos, carne e sangue.
Dois regimes: Portugal e Espanha, assinaram o Pacto Ibérico, não rivalizaram, toleraram, cooperaram sem que um e o outro o saiba, são alunos da mesma cartilha, regimes de exceção, mão de ferro e freio. Resultado: o fascismo que perdurou até meados dos anos setenta.
Nesse cenário, o protagonista vive os dilemas de ganhar a vida, tentar viver a vida e a luta constante e seguir adiante, nos conturbados anos na primeira metade do século XX. A obviedade tem nome e lugar, a Península Ibérica, inferno para uns e o céu para outros, cujo céu tem dono, já o inferno este pertence a todos. Benito tem sempre uma defesa– a palavra: seja numa frase curta e direta, ou longa e reflexiva. Tem caráter e é feito de ossos, carne e sangue.
Dois regimes: Portugal e Espanha, assinaram o Pacto Ibérico, não rivalizaram, toleraram, cooperaram sem que um e o outro o saiba, são alunos da mesma cartilha, regimes de exceção, mão de ferro e freio. Resultado: o fascismo que perdurou até meados dos anos setenta.
Portugal outorgou o título de Doutor honoris
causa, da Universidade de Coimbra, em Direito, a Franco, no ano de 1949, única vez que Franco saiu de
território espanhol após a Guerra civil espanhola.
Benito inquirido, pela PIDE, sobre um suposto atentado a Franco, o secreta relata-lhe a tentativa frustrada de outro galego.
Benito inquirido, pela PIDE, sobre um suposto atentado a Franco, o secreta relata-lhe a tentativa frustrada de outro galego.
Perguntado: - "O que me diz
deste atentado ignóbil?" Benito foi direto: -"Que falhou,
caralho!"
"Que o doutorassem em
metralha.." - em metralha-, sugere Antonio Prada, filho de
Benito Prada.
Vale o percurso do livro.
Bem haja!
Um fato histórico em
1961, talvez o mais emblemático de todos: "Operação Dulcineia" - o
assalto ao paquete Santa Maria (de bandeira portuguesa) – rebatizado, durante a ocupação,
de Santa Liberdade, foi tomado por portugueses e galegos no Caribe, tendo como protagonistas o português Henrique Galvão - (ligado a Humberto Delgado) - e o galego Pepe Velo, vindo aportar
no Recife, onde receberam asilo político.